Sábado à noite tive oportunidade de ouvir uma entrevista ao José Cid, no telejornal da TVI, ou melhor, levei com uma entrevista ao senhor do macaco e da banana no telejornal da TVI. Sobre o José Cid e esta inusitada onda de revivalismo à volta dele, dedicarei um destes dias uma postadela inteira. Mas do que queria mesmo falar era da parte final da entrevista, depois de concluída a auto-glorificação do artista, quando a conversa resvalou, como é hábito de cada vez que se entrevista um músico nacional, para a protecção da música portuguesa.
Quanto a esta questão, não deixa de ser paradoxal que os reivindicantes que surgem em primeira linha são o Vitorino, que compõe umas canções sobre matraquilhos, o Janita Salomé que vocifera umas grandes secas em alentejano e o Toy, que dispensa qualquer adjectivação, que decerto seria redutora. Temos por um lado uns intelectuais de esquerda, de boina e bigodinho, a querer estalinizar as estações de rádio e obrigá-las a passar a sua música, chata e datada; e por outro lado, os cantores populares que tocam músicas absolutamente desadequadas às principais estações de rádio. Faria algum sentido sintonizar a Antena 1 e levar com o “Chama o António”? Também me parece que não…
Em Portugal faz-se boa música, quer no mainstream, quer nas franjas. Temos produtos bem conseguidos e que vendem muito bem, do que são paradigmático exemplo os Da Weasel, os Buraka Som Sistema, o David Fonseca, o André Sardet (para quem gosta…), os sempre presentes GNR e Xutos & Pontapés, e muitos outros. Temos música de enorme qualidade, como a que é feita pela Maria João e Mário Laginha, pelos Clã, pelos Madredeus e pela Mariza (para quem gosta…). De fora não podem ficar grandes produtos no nosso underground, como os Mão Morta ou até os Ornatos Violeta. Curiosamente, estes não se queixam. Os do mainstream porque têm airplay, e um airplay merecido, as estações passam-nos porque querem e não porque as obrigam, e os restantes porque têm um público determinado, para o qual releva menos a rádio do que as lojas de discos e os concertos.
A música é uma linguagem universal é a arte de juntar sons dispersos e deles criar uma harmonia (concepção a que não será subsumível a música de Stockhausen, Emmanuel Nunes, Stephen Micus ou Fred Frith, mas isso é outra conversa…). A língua pouco importa, e muito menos o país onde ela é produzida. Eu gosto dos Clã porque gosto e não porque cantam em português. Eu adoro a música da Maria João, que canta em indecifrável “mariajoanês” e sou um admirador confesso, como já aqui disse, de Nusrat Fateh Ali Khan, de quem não entendo uma palavra que seja.
No que à rádio concerne, desde que estragaram a Rádio Comercial, que deixou de ser, como ela própria anunciava “a rádio rock”, para ser mais uma debitadora de Eros, Tinas, Phils e quejandos, que optei por ouvir as notícias da TSF. A TSF que, por acaso, até nos vai presenteando com algumas agradáveis surpresas, aliás, foi a ouvir uma entrevista ao Diego El Cigala no “Pessoal e Transmissível” que o descobri. Enquanto ouvinte, sinto-me agredido na minha liberdade se me obrigam, a pedido dos intelectuais dos subsídios, a levar com a música portuguesa à pressão só para justificar o sustento de cantores de intervenção fora de tempo. É exemplificativa a “Quinta dos portugueses” da Antena 3, é um autêntico massacre, ainda por cima no auge da moda do hip-hop, em que somos obrigados a ouvir, durante um dia inteiro, uns hip-hoppers de terceiríssima categoria a debitar rimas foleiras, temperados pelo último sucesso dos Delfins ou dos Santos & Pecadores. Vá lá que não toca o Beto ou a Rita Guerra…
Se eu fosse músico, gostava que a minha música passasse na rádio por vontade de quem faz as playlists e por vontade do público. Gostava que a minha música tivesse um valor que justificasse o seu sucesso. Não me sentia bem se a minha música fosse imposta à força às pessoas. Mas os senhores da boina lá sabem…
Quanto a esta questão, não deixa de ser paradoxal que os reivindicantes que surgem em primeira linha são o Vitorino, que compõe umas canções sobre matraquilhos, o Janita Salomé que vocifera umas grandes secas em alentejano e o Toy, que dispensa qualquer adjectivação, que decerto seria redutora. Temos por um lado uns intelectuais de esquerda, de boina e bigodinho, a querer estalinizar as estações de rádio e obrigá-las a passar a sua música, chata e datada; e por outro lado, os cantores populares que tocam músicas absolutamente desadequadas às principais estações de rádio. Faria algum sentido sintonizar a Antena 1 e levar com o “Chama o António”? Também me parece que não…
Em Portugal faz-se boa música, quer no mainstream, quer nas franjas. Temos produtos bem conseguidos e que vendem muito bem, do que são paradigmático exemplo os Da Weasel, os Buraka Som Sistema, o David Fonseca, o André Sardet (para quem gosta…), os sempre presentes GNR e Xutos & Pontapés, e muitos outros. Temos música de enorme qualidade, como a que é feita pela Maria João e Mário Laginha, pelos Clã, pelos Madredeus e pela Mariza (para quem gosta…). De fora não podem ficar grandes produtos no nosso underground, como os Mão Morta ou até os Ornatos Violeta. Curiosamente, estes não se queixam. Os do mainstream porque têm airplay, e um airplay merecido, as estações passam-nos porque querem e não porque as obrigam, e os restantes porque têm um público determinado, para o qual releva menos a rádio do que as lojas de discos e os concertos.
A música é uma linguagem universal é a arte de juntar sons dispersos e deles criar uma harmonia (concepção a que não será subsumível a música de Stockhausen, Emmanuel Nunes, Stephen Micus ou Fred Frith, mas isso é outra conversa…). A língua pouco importa, e muito menos o país onde ela é produzida. Eu gosto dos Clã porque gosto e não porque cantam em português. Eu adoro a música da Maria João, que canta em indecifrável “mariajoanês” e sou um admirador confesso, como já aqui disse, de Nusrat Fateh Ali Khan, de quem não entendo uma palavra que seja.
No que à rádio concerne, desde que estragaram a Rádio Comercial, que deixou de ser, como ela própria anunciava “a rádio rock”, para ser mais uma debitadora de Eros, Tinas, Phils e quejandos, que optei por ouvir as notícias da TSF. A TSF que, por acaso, até nos vai presenteando com algumas agradáveis surpresas, aliás, foi a ouvir uma entrevista ao Diego El Cigala no “Pessoal e Transmissível” que o descobri. Enquanto ouvinte, sinto-me agredido na minha liberdade se me obrigam, a pedido dos intelectuais dos subsídios, a levar com a música portuguesa à pressão só para justificar o sustento de cantores de intervenção fora de tempo. É exemplificativa a “Quinta dos portugueses” da Antena 3, é um autêntico massacre, ainda por cima no auge da moda do hip-hop, em que somos obrigados a ouvir, durante um dia inteiro, uns hip-hoppers de terceiríssima categoria a debitar rimas foleiras, temperados pelo último sucesso dos Delfins ou dos Santos & Pecadores. Vá lá que não toca o Beto ou a Rita Guerra…
Se eu fosse músico, gostava que a minha música passasse na rádio por vontade de quem faz as playlists e por vontade do público. Gostava que a minha música tivesse um valor que justificasse o seu sucesso. Não me sentia bem se a minha música fosse imposta à força às pessoas. Mas os senhores da boina lá sabem…
5 comentários:
Afinal os esqueletos no armário aparecem mesmo é onde menos se espera: André Sardet?! Vinyl, acabas de me dar um murro no estômago. Ando a lutar contra a consensualidade que esse rapaz desperta há meses!
Lembras-te do teu post «Coisas de que devia gostar e não gosto»? Junto um à lista: os Madredeus. Não consigo. Mas são muito bons, eu sei.
Quanto ao André Sardet, embora reconheça um "objectivo cumprido" pelo produto, eu acho-o muito pouco acima do nível Tony Carreira. São letras fraquinhas e apimblahadas com musica trovadoresca em vez de sanfonas e teclados de músico de casamento. Eu não gosto, e por isso é que pus entre parentesis "para quem gosta". Fiz o mesmo quanto aos Madredeus e à Mariza, reconheço-lhes qualidade mas não ouço.
Gostei muito e li o texto todo..só tenho uma pergunta: porque carga de água é que estava a assistir ao Jornal da TVI????
Isso sim é uma pergunta pertinente, Ursa Teresa :). É quase como ser apanhado a ouvir a Celine Dion...
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