Respiro fundo, fecho os olhos, ganho coragem e... avanço. Vou falar do Köln Concert. Mais uma vez, confesso que não sei ler uma nota numa pauta, pelo que a minha autoridade e legitimidade para escrever uma linha que seja sobre "o" disco é pouco mais do que um rigoroso, esclarecedor e muito redondinho zero.
The Köln Concert foi gravado em 1975, perante uma Köln Opera House apinhada e ansiosa. Keith Jarrett, até se sentar ao piano, não tinha o mais pequeno projecto ou ideia do que iria tocar (o que não é marketing, mas a mais pura das verdades). Toda a brilhante construção melódica, construída ao sabor do tempo, brick by brick, é pura inspiração momentânea. Ou melhor, é a mais absoluta genialidade. Reza a lenda que Jarrett estava acometido de uma brutal dor nas costas, que se reflecte nos crescendos que se notam ao longo do percurso da sua construção. Este é um dos discos dos quais tenho, muito orgulhosamente, em vinil e em CD. Jarrett é um artista ostensivamente consensual. Ouvido pelos intelectuais da clássica, respeitado pelos forinhas do alternativo, estudado pelos roqueiros e idolatrado pelas gentes do jazz. Um dia, hei de ver Jarrett ao vivo.
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