quarta-feira, 20 de junho de 2007

So "IT" said...

que eu só ouço discos selectos...
Sim e não.
Espelho, espelho meu, há alguém mais eclético do que eu?
É verdade. Há discos selectos. São aqueles que são criados "de dentro para fora". Isto é, que são um produto saído da imaginação e criatividade do autor, sem submissão a quaisquer regras de mercado ou directivas editoriais, e que procuram transmitir sentimentos, mostrar habilidade, criar sensações, passar mensagens políticas, whatever... Será o caso do "In Utero", dos Nirvana, incompreendido pelas massas que esperavam canções radio-friendly (para que dúvidas não houvessem, uma das faixas chama-se, precisamente, Radio Friendly Unit Shifter...) É também o caso dos discos do Miles Davis, que muito se gabava na sua genial autobiografia de não falar uma palavra nos concertos. "I let the music speak for itself. They come here to listen to my music, not me", dizia.
Em sentido diametralmente oposto, há discos que são criados - um pouco à imagem das telenovelas portuguesas de guião aberto ou da cerveja Cintra - em resultado de estudos de mercado realizados pelas editoras e demais actores do music business, escrupulosamente ao gosto do específico público a que se destinam. Eu sou público, e há muitos que se adaptam perfeitamente ao meu gosto. Paradigmático, o "5", do Lenny Kravitz. A mudança de som, de visual, a criação de Lenny, o "trendsetter", qual David Beckham. Mais exemplos? A brilhante gestão de imagem (e som...) da Madonna, que faz fez música de 1985 em 1985, de 1995 em 1995 e anda desde o "Ray of light" com um ou dois anitos de avanço. Os U2, com menos de cinco anos de décalage (avançados com o Zooropa, atrasados com o How to dismantle an atomic bomb). O corte (de cabelo, trapinhos e power) dos Metallica em resposta ao crescimento do fenómeno Limp Linkin' Bizkit Park (ainda que sem grande sucesso)...
Pai, pai, explica-me como se eu tivesse cinco anos!!!
-Tá bem:
a) Disco selecto: se gostares, gostas; se não gostares não gostas; mas eu estou-me nas tintas.
b) Disco "produto": gostas, não gostas?
Pai, pai, de quais gostas mais?
- Depende, gostas mais do Noddy ou do Bob, o Construtor?

4 comentários:

marigold disse...

É pena que a maior parte dos discos selectivos actuais sejam feitos por pessoas que já ganharam tudo o que havia por ganhar. Ás vezes seria bom conhecer coisas novas feitas por sangue jovem, mas contudo encontro dificil sair do ciclo vicioso dinheiro-produto-facturação-editora.

Vinyl disse...

A questão é que esses não entram no mercado corrente, nos escaparates das lojas, reservado ao "mainstream" de cad área musical. Só os que já têm o estatuto podem, se assim o entenderem e os deixarem, divergir. Mas na Fnac, em cada secção há um especialista, que ouve todos os discos que lá chegam e é óptimo conselheiro. Muitas vezes lá fui e disse: "Olhe eu gosto de isto, isto e isto. O quê que tem aí que acha que eu vá gostar?" Foi assim que descobri o Jamie Saft, e o fui depois ouvir ao Theatro Circo, a Braga. Foi uma experiência irrepetível. Aliás, duvido que alguma vez mais venha a ver alguém fazer pizzicato num piano...

Unknown disse...

Para "coisas novas feitas por sangue jovem" sugiro:
-http://unapieldeastracan.blogspot.com/
-http://bolachasgratis.blogspot.com/
Este último com excelentes textos e muito bom critério musical. Para algo mais mainstream, sem comentários:
- http://drogandoteconmusica.blogspot.com/

Anónimo disse...

Estou espantada.....as coisa que o menino sabe...muito bem...e pizzicato e tudo....que bem!!!

(acabei de estourar um neurónio só para escerever a palavra pizzicato)