segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Incongruências

Casa da Música, 1.11.2007, 22h.
Seu Jorge entra em palco, sem precisar de produzir um som que fosse para ter a plateia a seus pés. Quando quis, de facto, tocar algo, a guitarra não tinha som... Demorou cerca de 10 minutos, enquanto Jorge enchia chouriços ao microfone, para o problema ser resolvido. Ao longo do concerto confirmei a suspeita: o engenheiro de som deve ter tido folga, enquanto quem lá estava ia girando botões, em pleno concerto, à procura de um som minimamente aceitável (chegou ia a 4.ª ou 5.ª canção a meio...)
Começou com as inevitáveis canções de Bowie, de "The Life Aquatic Sessions With Steve Zissou", "bôuí" como Jorge lhe chamou, para depois entrar no novo trabalho - estribado na fusão de ritmos brasileiros com a música do sul dos Estados Unidos, enxertando harmónicas, teclados e um cavaquinho (!) a fazer de banjo, invertendo a lógica de Stan Getz e Coleman Hawkins na descoberta da bossanova - passando pelo obrigatório samba, com a plateia em pé a dançar.
Seu Jorge esteve muito bem, a banda era fraquinha.
Estranho foi ouvir as habituais canções "de esquerda" cantada por quem vestia, impecável, camisa de cetim e sapatos de verniz.
No global, valeu bem a pena.

"Se eu pudesse tocar meu destino
Hoje eu seria alguém
Seria um intelectual
Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chamam de pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Se eu pudesse eu não seria um problema social"

1 comentário:

T.E. disse...

É curiosa e muito acertada a sua observação. Ver aquele público "limpinho" da Casa da Música a dançar (e cantar) música da típica luta anti-desigualdade das ruas do brasil foi, no mínimo, piadético.

Quanto aos problemas da guitarra, não me parece que fosse da responsabilidade do técnico de som... Mas também concordo que a banda não era extraordinária...

Foi, contudo, um bom concerto, na minha perspectiva.