
Terje Rypdal + Nils Petter Molvaer
Casa da Música - 26.10.2008 - 22h00
Música: do Latim musica, do Grego mousiké, significa das Musas, das belas-artes, especialmente dos sons. Arte e ciência de combinar harmoniosamente os sons
Agora, a Deolinda fez mais num disco por aproximar o fado de cépticos como eu do que todos os fadistas quese seguiram ao Marceneiro e à Amália.
De resto, o extraordinário trabalho da Deolinda só vem confirmar uma teoria minha, que também já aqui deixei: a verdadeira música tradicional portuguesa não é o fado, são os viras, os corridinhos e os folclores de aldeia. O fado é uma importação do norte de África, uma música magrebina adaptada e adoptada por Lisboa. O que faz a Deolinda é afastar os elementos "amouriscados" do fado e substituí-los pela alegria de António Variações e, em momentos, o festival vaudeville de Waits ou Kusturica.
No dia em que Paulo Gonzo tocou no Rock in Rio, Obrigado, Deolinda, pela lufada de ar fresco.
Para além da piada fácil, fica a boa notícia do concerto no Coliseu do Porto, no próximo dia 25.1.2008, e má notícia de que o preço dos bilhetes começa nos Eur 27,00.
Au Revoir Simone, Theatro Circo, 4.12.2007
Foi o meu primeiro contacto com o trio de Brooklyn. Entrei na sala, pela porta da frente, tinha acabado de começar a primeira canção. Com uma perspectiva privilegiada sobre o palco, nele vi o que parecia uma representação do vídeo de "Kelly Watch The Stars", dos Air, com teclados no lugar da mesa de pingue-pongue.
As Au Revoir Simone não são iguais a mais nada, o que é uma mais valia. Encontramos algumas influências no visual, muito bem conseguido aliás, como sejam as Cansei de Ser Sexy ou Coco Rosie. Na sua música, onde eu esperava secretamente encontrar resquícios do virtuosismo de Jimmy Smith, tive que me contentar com Portishead, o que não é muito abonatório, e Air, o que já é abonatório. Pelo menos, nada de Vangelis, Jean Michel Jarre ou Kraftwerk.
Valeu a pena pela descoberta de uma lufada de ar fresco. Teve como contraponto uma certeza: a música electrónica não resulta ao vivo.
Josh Rouse subiu ao palco do Teatro Circo, ontem, passava já da meia noite. Antes havia a multidão sido devidamente entediada por um duo espanhol de cujo nome não me recordo, o que, atenta a música que tocaram, é até conveniente.
O folk-rock de Rouse foi arrebatador. Canções de três minutos, sons de Dylan e Smiths tocados ao ritmo dos Ramones. A música de Josh Rouse é alegre, vibrante e dotada de um notável sentido de movimento, de uma cadência muito, muito viva. Uma banda em plena forma, tirando um prego do baixo na última canção da noite, com uma bateria marcante e um virtuoso aos comandos da electrónica. Músico, e não rockstar, Rouse toca na parte lateral do palco, espaço partilhado em igual medida por todos os músicos. Magnífico concerto, do qual saliento momentos como "Love Vibration", ou "It's the Nighttime".
(Nota: foi notada a falta de "Winter In The Hamptons").
Teatro Sá da Bandeira - Porto
6.12.2007
No momento em que tomei conhecimento do agendamento deste concerto (sensivelmente há 48 segundos atrás...) veio-me à cabeça o "59th Street Brigge Song", de Simon & Garfunkel, que diz qualquer coisa como "Got no deeds to do, no promises to keep. I'm dappled and drowsy and ready to sleep. Let the morning time drop all its petals on me. Life, I love you, all is groovy."