sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Dicionário



Visionário

adj.,
relativo a visão;
que tem ideias extravagantes;


s. m.,
aquele que tem visões ou julga ver fantasmas ou coisas fantásticas;
devaneador;
sonhador;
utopista.

Mood para o fim-de-semana

Violent Femmes - I Held In My Arms

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O último Devendra...



Editado há dois dias e logo encomendado pela internet, acabei de receber a confirmação de que está no correio... cá o espero!


Devendra Banhart
Smokey Rolls Down Thunder Canyon
25.9.2007 - XL Records

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

"O" Disco.



Aquela história da ilha deserta, só poder levar dez discos... Era este e mais nove. A mais extraordinária voz de sempre, na sua mais pura essência. Arrepios sempre que o ouço.

"Buckley hurdles seemingly unreachable octaves, suspends notes for what seems like minutes, and belts out his falsetto without a scintilla of restraint.", diz Darryl Cater. E diz tudo.


Jeff Buckley
Live at Sin-É
Columbia -1993

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Temple of the Dog



Em 1990 morreu Andrew Wood, vocalista dos Mother Love Bone, banda de Seattle com lugar cativo na génese do grunge que veio a eclodir em 1991. Aliás, foi dos escombros dos Mother Love Bone, banda que finou com Wood, que saíram Jeff Ament e Stone Gossard para formar os Pearl Jam.


Todavia, ainda antes do nascimento dos Pearl Jam, Ament e Gossard juntaram um grupo de músicos de Seattle para gravar um disco de homenagem a Wood. A eles se juntaram Chris Cornell e Matt Cameron, dos Soundgarden, e um vocalista então desconhecido, que cantava pelos bares da cidade, Eddie Vedder. Chamaram ao projecto, criado para um disco apenas, Temple of the Dog.


O single de avanço do álbum, gravado em 1990, e ao qual foi dado o mesmo nome do projecto, “Hunger Strike”, é das mais bonitas canções algumas vez escritas. A voz de Cornell extraordinária e o dueto com Eddie Vedder arrebatador.

Vale a pena ver em http://www.youtube.com/watch?v=Lln5i1N3J8g

Intemporal


segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Disco do dia



Belo. Íntimo. Apaixonado. Pragmático. Simples. Nostalgico.

Keith Jarrett

"The Melody At Night, With You"

ECM - 1999

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

The Communards



Já aqui falei do tempo e da repercussão que o decurso deste tem na música. Um dos bons exemplos de obra olhada de soslaio aquando da sua edição e agora recordada com saudade é o brilhante "Red", de 1987, dos Communards.

Nascidos da saída de Jimmy Sommerville dos Bronsky Beat, e com a produção a cargo do produtor dos Pet Shop Boys e New Order, Stephen Hague - o que não indiciava mesmo nada de bom... - o certo é que, não obstante toda a bichice, o seu som é fabuloso. Numa altura em que o que mais se ouve é a onda neo-gay, de que são exemplo os detestáveis Scissor Sisters ou o bem mais conseguido Mika, os Communards estão, enquanto referência retro (sem ofensa...) um degrau acima dos Erasure e dois acima dos Culture Club. Isto pela superior voz de Sommerville, quando comparado com Andy Bell, e pelo menor espalhafato e maior conteúdo quando ao lado de Boy George & C.ª.

O anterior, e primeiro, álbum dos Communards, com o nome da banda por título, augurava já a qualidade que se veio a repetir em "Red", note-se o belíssimo single de apresentação, que os lançou, "Don't Leave Me This Way".

Em "Red", vamos encontrar "Tomorrow" e uma fabulosa recriação de "Never Can Say Goodbye", que são, sobretudo esta última, hinos pop com a pica toda, daqueles que fazem dançar aos saltos o mais sisudo dos caretas. Pena que tenham ficado por aí...

No YouTube:

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Insinuação, alusão...



Freddie Mercury (cujo nome verdadeiro era Farrokh Bulsara, nascido em 1943 em Zanzibar) morreu a 24 de Novembro de 1991. A notícia surpreendeu toda a gente, sendo de todo inesperada a morte de alguém que, goste-se ou não, tem o seu lugar cativo da história do rock.


Todavia, e no que à surpresa causada concerne, se é certo que Mercury não divulgou a sua doença, diagnosticada ainda nos anos 80 – apenas o tendo feito na véspera do seu decesso – não menos certo é que já o tinha anunciado, alto e bom som, através do álbum “Innuendo”, lançado pelos Queen em Fevereiro de 1991.


E de que modo o fez?


Ora, quer o álbum, quer a primeira faixa do mesmo, têm como título “Innuendo”, o que em inglês quer dizer insinuação, alusão. Imediatamente a seguir à canção “Innuendo”, como que materializando a insinuação que se pretende fazer, surge a faixa “I’m going slightly mad”, em que Mercury, consciente da fase final da doença em que se encontrava, canta “I’m one card short of a full deck, I’m not quite the shilling, One wave short of a shipwreck, I’m not my usual top billing, I’m coming down with a fever, I’m really out to sea, This kettle is boiling over, I think I’m a banana tree. Oh dear”, rematando a canção com a frase “And there you have it”. Prossegue o caminho, e na autobiográfica faixa “These are the days of our lives”, Mercury canta “Cause these are the days of our lives, They’ve flown in the swiftness of time, These days are all gone now but some things remain, When I look and I find no change.”
O recado a quem fica é deixado para o epílogo, “The Show Must Go On”. Ninguém reparou…

terça-feira, 18 de setembro de 2007

LUME


Do mesmo modo que há músicas perdidas que muito me apraz reencontrar, outras há que tudo merecem seja feito para que nunca cheguem a ser perdidas.
Já tive a feliz oportunidade de ouvir ao vivo alguns do elementos do LUME, nomes incontornáveis de cena jazz (e não só) nacional, e aguardo ansiosamente por poder assistir a um concerto do colectivo.
Deixo-os apresentarem-se a eles próprios: "LUME (Lisbon Underground Music Ensemble) é um colectivo de quinze músicos com backgrounds e experiências diversas nos campos do jazz, pop, rock, música clássica, contemporânea e improvisada. Assumindo referências muito diversas que vão do Funk à música textural, do boogie woogie a ambientes impressionistas, o grupo procura aliar de forma sinérgica elementos de escrita com factores de improvisação, num contexto que se pretende esteticamente eclético e formalmente especulativo na confrontação de estruturas e idiomas diversos. O projecto é liderado pelo compositor Marco Barroso que leva a cabo o trabalho de direcção e composição." (in lume-info.blogspot.com)

Ode à sinergia.

"...Pick a song and sing a yellow nectarine
Take a bath, I'll drink the water that you leave
If you should die before me,
Ask if you can bring a friend
Pick a flower, hold your breath
And drift away..."


Stone Temple Pilots
Still Remains
Purple
Atlantic - 1994

Maria Callas

(sem texto, só música, por absoluta falta de legitimidade para escrever uma linha que seja sobre a diva)

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Mas afinal... em quê que ficamos?

"...Now the drugs don't work
They just make you worse
But I Know i'll see your face again"

"The Drugs Don't Work"
Ben Harper, em "Live From Mars", de 2003
(Original dos The Verve, música e letra de Richard Ashcroft)


"Let us burn one, from end to end.
And pass is over to me my friend.
Burn it long, but burn it slow, to light me up before I go...

"Burn One Down"
Ben Harper, em "Fight For Your Mind", de 1995
Música e letra de Ben Harper

Encontrar Discos Perdidos, com Orgulho e Glória



É indescritível o prazer de arrumar os meus cd's, pegar em pilhas e ir passando, de prateleira em prateleira, e encontar um disco como este.

Comprado no ano do seu lançamento, em 1994, depois de uma infindável espera pelo seu envio dos "states", prometido pela Virgin do Shopping Cidade do Porto numa semana mas que demorou dois meses...

Tocado incessantemente durante quatro ou cinco anos, andava perdido e ontem redescobri-o. Que Zakk Wylde é um extraordinário guitarrista, já se sabia. O que não se sabia é que era capaz de fazer um disco assim, um cruzamento de rock do sul, muito ao estilo de Lynyrd Skynyrd e Allman Brothers, com o hard-rock global de Ozzy Osbourne, e as incontornáveis referências Led Zeppelin e Black Sabbath, com baladas lindíssimas (sem pingo de azeite e com um feeling notável), e uma riqueza na composição que a crítica nega veementemente.

Outra confirmação, Wylde ao piano é tão bom como à guitarra (já o tinha demonstrado a acompanhar Osbourne, em faixas como "Changes").

Sem desconsiderar as restantes faixas, ouça-se com atenção e prazer, "Lovin' Woman", "Cry Me a River", "Harvester of Pain", "Losin' Your Mind" e "Sweet Jesus"

Pride & Glory

Pride & Glory

Geffen - 1994

Ciao Baby (na vida real, em 1971)



Edie Sedgwick,
ou uma vida sem sentido
1943-1971

Ciao Baby (em 1989, na música)

Always said you were a Youthquaker, Edie
A stormy little world shaker
Warhol's darling queen, Edie
An angel with a broken wing
The dogs lay at your feet, Edie
We carressed you cheek
Stars wrapped in your hair, Edie
Life without a care
But your not there
You're never there
Caught up in an endless scene
Paradise a shattered dream
Why'd all the shit you took, Edie
Your innocence dripped blood, sweet child
Sweet little sugar talker
Paradise dream stealer
Warhol's Darling queen, Edie
Innocence dripped blood, sweet child
Why did you kiss the world goodbye
Ciao Baby
Don't you know paradise takes time
It takes time, but you're not there
Fade away now
But your not there
Ciao Edie

The Cult
Edie (Ciao Baby)
Sonic Temple
Beggars Banquet - 1989

Ciao Baby (em 2006, no cinema)


Factory Girl
George Hickenlooper - 2006

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Mood para a nova temporada...



No decesso do período estival, levado pela vontade de fazer da nova temporada uma melhor ainda do que todas as que já passaram, a banda sonora que ecoa na minha cabeça não podia deixar de ser rock.

E rock do bom, limpinho, com aquele sentido de continuidade no movimento, no ritmo, no fraseado, que os The Cult tinham como mais ninguém...

The Cult
Electric
Beggars Banquet - 1987

Sainkho Namtchylak


Uma das grandes vantagens de ter amigos músicos é ter acesso a genialidades escondidas que só o métier é que conhece. Conhece porque os estuda, os usa para aperfeiçoamento da sua técnica, para inspiração, ou até para motivação, e os vai buscar a uma espécie de "mercado paralelo" da música (v.g. "A Few Useful Tips About Living Underground", James Taylor Quartet, Acid Jazz - 1996, ou como sacar e melhor jazz de uma guitarra eléctrica, a merecer um post próprio que aqui fica prometido para breve).

A fabulosa cantora com impronunciável nome, Sainkho Namtchylak, nascida em Tuva, foi-me dada a conhecer por um dos percussionistas da Orquestra Nacional do Porto, já em 2003, quando me ofereceu uma cópia do disco "Time Out", de 2001. (Obrigado E.B.M., um abraço!).


O mais interessante foi ele ter tido a amabilidade de me dar uma prévia explicação para o que eu ia ouvir, explicação que - como se não chegasse o facto de a música ser absolutamente arrebatadora - tornou tudo ainda mais interessante.


A música interpretada por Namtchylak é uma música religiosa, originária de Tuva, antiga república soviética que faz fronteira com a Mongólia, e caracteriza-se por nela se encontrar um enorme espectro de vocalizações guturais, revelando aquilo a que se referem os estudiosos anglo saxónicos como "overtone singing", nota que acaba por ser a faceta mais visível, pela invulgaridade, do canto Tuva (a designação dada à música confunde-se com o nome da terra de onde é ela originária).


Sucede que o canto tuva é, muito estritamente, reservado aos homens, sendo absolutamente inconcebível, ofensivo até, para os seguidores da religião tuva, que mulher alguma interprete tais ritos.


De tal modo assim era que Namtchylak, não obstante se tenha dedicado ao estudo do canto tuva a nível universitário, numa fase inicial em Tuva, tendo depois concluído a licenciatura em Moscovo, nunca tenha visto o seu título reconhecido.

O fundamentalismo tuva, e a má relação deste com Namtchylak e a sua música, atingiu o auge em 1997, quando a cantora, então radicada em Vienna, visitou a sua terra natal e foi vítima de uma espera e subsequente agressão em grupo, sempre motivada pelo facto de se tratar de uma mulher a interpretar canções religiosas tuva, que a deixou meses em coma, às portas da morte.


Namtchylak recuperou, voltou a cantar e - numa atitude provocatória - inflectiu o seu canto num caminho de fusão, muito ao estilo do que preconiza Peter Gabriel com a sua editora "Real World", misturando o tuva com tendências electro e avant-garde, que, infelizmente, ainda não encontrei pelas lojas de discos.


A descobrir.

Está quase...


Thurston Moore
"Trees Outside The Academy"
Ecstatic Peace - 18.9.2007

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Remember...

A banda sonora da minha infância, na transição da Abelha Maia e dos Marretas para outras músicas, integra várias músicas e vários discos, desde o "Thriller" até ao "Kind of Magic". Porque a banda sonora da minha infância se confunde com 99% das pessoas que nasceram entre 72 e 78, cá vai o primeiro de uma série deles...




Dire Straits
"Brothers In Arms"
Warner - 1985

Numa altura em que a música não dependia de um fio condutor, os Dire Straits ousaram arriscar numa fusão do jazz-rock-soul que faziam numa uma espécie de Van Morrison menos folk e mais pop. O sucesso foi completo. Desde o achincalhanço à MTV (que muito os passou) em "Money for Nothing" até ao muito bem conseguido swing de "So Far Away", a lembrar os Sultões, e o belíssimo tema que dá título ao álbum.
Quanto a mim, o "Brothers in Arms" foi um glorioso canto do cisne dos Dire Straits. O "Walk of life" é horrível, parolo e piroso, e antecipa o funesto futuro da banda de Knopfler. Acabaram, em grande, aqui. O que veio depois foi fraquinho, o que ficou para trás foi grande. O "Alchemy" é um disco muito Vinyl.

Sucessão

O post do orgulho.
Escrevo feliz. O mais novo membro da família, cujo léxico abrange, à presente data, cerca de uma dezena de palavras, (não contando o "boo-boo, yé-yé" com que acompanha os Da Weasel), gosta de música. E não estou a falar do genérico do Noddy ou do Bob, o Construtor, estou a falar de música.
Hoje no carro começou a tocar, na rádio, o "Grace Kelly", logo ele exclamou: "Mika, Mika!". E era mesmo...
Ao jantar, entramos no restaurante, e tocava "Relax, Take It Easy"... E mais uma vez... "Mika, Mika!"
Acho que está na hora de o submeter a umas sessões de Black Sabbath! Qualquer dia já distingue o Stan Getz do Coltrane e o Metheny do Wes Montgomery...

Os que fazem falta



Numa altura em que paramos para reflectir na quantidade de génios a dar música no céu, e encontrando-me eu num fim de mundo onde a única estação de rádio que se apanha é a Antena 1, tive a oportunidade de recordar, esta tarde, os australianos INXS, com "Elegantly Wasted".



Não fosse a inusitada morte de Michael Hutchence, e os INXS teriam, hoje, a mesma dimensão dos U2. Exagero, pensarão alguns. Mas não, responde com segurança o Vinyl. E isto porquê? Porque os INXS tinham a mesma filosofia e feeling do mercado de que é paradigmático exemplo a Madonna. Estavam sempre na vanguarda, desde 1977, ano da sua formação, até à infeliz partida do seu vocalista, a 22 de Novembro de 1997. A sua música estava sempre ligeiramente à frente do seu tempo, ou, pelo menos, a par do seu tempo. Desde os tempos idos dos 80's, em que implantaram na enciclopédia da música grandes hits do pop mainstream radio-friendly como "Mistify", "By My Side", "Never Tear Us Apart" e "Suicide Blonde" , até aquela brilhante fase final, que foram os últimos dois ou três anos antes da morte de Hutchence, de que é exemplo maior esse hino ao pop chamado "Not Enough Time", a cheirar ao Prince de "Diamonds and Pearls" por todos os poros. Absolutamente extraordinária canção (http://www.youtube.com/watch?v=gk1aX6hvRe8). Não esquecendo a força de "Baby Don't Cry" e "Devil Inside".

A morte de Michael Hutchence veio provar que a alma dos INXS não era, como se pensava, os irmãos Farris, mas sim ele próprio. Hutchence era uma Rock Star. Assim se fez e assim se foi. Viveu no deslumbre do seu mundo e por ele se deixou levar. Mas lá que era uma das mais cool personagens da música, isso não há dúvidas. Conseguia rivalizar em vendas com as boysband do momento sem pender para o azeite, e manter um profile que muitos seguiam, sempre com muita onda.

Os INXS morreram com Hutchence, e a televisão resolveu tentar ressuscitá-los com um reality-show, uma espécie de ídolos para escolher o novo vocalista. O resultado é bem esclarecedor. Escolheram aquele que mais características de estrela reuniria. O fiasco mostra quem era importante.
Que vontade de ouvir "Not Enough Time"...

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Now Playing...


Benny Lackner Trio
Not The Same
Nagel Hayer - 2004

Fim-de-semana

No muito recomendável Dobra dos Olhos, é frequente, à sexta-feira, serem postadas músicas de fim-de-semana, daquelas que dão vontade de saltar da cadeira, como se fossemos assolados por um choque eléctrico, e desatar aos pinchos desordenados, abanando os braços no ar e a deixar o corpo revoltar-se contra a inércia da semana. Foi assim que descobri, por exemplo, as Pipettes e a extraordinária versão dos Nouvelle Vague do "Dancing With Myself", de Billy Idol.



Porque me sinto como descrevo, cá vai a minha recomendação:


"Come Out And Play"

The Offspring

Smash

Epitaph - 1994

Now Playing...


Danilo Perez
Central Avenue
GRP - 1998

Androginia

Androginia (substantivo, feminino), qualidade de andrógino, hermafroditismo.
Andrógino (adjectivo), do Latim androgynu, e Grego andrógynos, homem efeminado, que apresenta os caracteres do sexo oposto e os órgãos genitais externos pouco diferenciados;
hermafrodita.



É impressão minha, ou os seres andróginos têm inscrito no seu código genético uma especial sensibilidade artística, genial talento para a música e a tão badalada star quality?



Estou-me a lembrar de Antony (de Antony & The Johnsons), de Brett Anderson, o frontman dos Suede, de David Bowie, de Marc Bolan, de Skin, (a contrario) verdadeiro animal de palco, de Brian Molko, de Jay-Jay Johanson, Crissie Hynde (a contrario) ...



Claro que há sempre excepções que confirmam a regra, como k.d. Lang (a contrario), Marilyn Manson ou Boy George...

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Vaudeville


1940 em 2007.

Uma cave de um edifício decrépito, sem janelas, às 7 da tarde, à luz de meia dúzia de lâmpadas de 25 watts.

Uma nuvem de fumo. Bourbon a rodos.

O som de copos a tilintar e o burburinho da conversa de fim de tarde, após mais um dia de trabalho.

Ao piano - encostado num canto escondido da sala, ranhoso, cheio de pó e corroído pelo bicho da madeira - um gajo com ar de grunho, chapéu preto na cabeça, cigarro de enrolar no canto da boca, vestido com umas roupas mal amanhadas e voz de bagaço canta "Tom Traubert's Blues".

"Im an innocent victim of a blinded alley

And I'm tired of all these soldiers here

No one speaks english, and everything's broken, and my stacy's are soaking wet

To go waltzing Mathilda, waltzing Mathilda,

You'll go waltzing Mathilda with me (...)"


(...é que, por um instante fechei os olhos e imaginei-me lá...)

Maldito 27

Brian Jones, guitarrista dos Rolling Stones, morreu a 3.7.1969, afogado na piscina, com 27 anos.
Jimi Hendrix, génio maior, morreu a 18.9.1970, asfixiado pelo seu próprio vómito em resultado de uma overdose de comprimidos para dormir, com 27 anos.
Janis Joplin morreu a 4.10.1970, de overdose de heroína, com 27 anos.
Jim Morrisson morreu a 3.7.1971, de paragem cardíaca, com 27 anos.
Kurt Cobain morreu, com um tiro de caçadeira, a 5.4.1994, com 27 anos.
Kristen Pfaff, baixista das Hole, morreu a 16.6.1994, de overdose de heroína, com 27 anos.

S. Pedro é um egoísta...

O cartaz do festival "Música no Céu" está cada vez melhor.
1935-2007

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Now playing...


Rabih Abou-Khalil
Blue Camel
Enja Records - 1992
"Blue Camel is the pinnacle to date of Lebanese oud-player Rabih Abou-Khalil's achievement as a jazzman. In both mood and scope, it can almost be characterized as a new Kind of Blue."
Kurt Keefner - AMG.

Ascenção meteórica vs. Queda vertiginosa



A questão é tão simples como isto: se não tivesse existido Phil Spector, muito provavelmente não existiriam hoje girls nem boys-bands, não havia Britney’s nem Shakiras, e onde hoje há um mainstream que enche as rádios, dá música a filmes e se carrega e descarrega em biliões de ups e downloads, existiria um enorme vácuo por preencher.
Está lançado o mote para os fundamentalistas o odiarem…
Phil Spector foi o primeiro a lembrar-se que, para sacar notas no mercado, a música é muito mais do que as notas da pauta. Foi ele quem inventou as Crystals. As Crystals, para quem não se lembra, eram uma girlsband com dois tipos de elementos: umas feias rechonchudinhas que cantavam (muito) bem e gravavam os discos; e umas barbies que faziam as capas dos discos e cartazes, dando a imagem da banda, e faziam playback em palco e nos programas de televisão, onde nunca apareciam as verdadeiras cantoras. (quais Milli Vanilli, quais quê…). Nos grandes sucessos das Crystals encontramos pérolas como "Da Doo Ron Ron", "Then He Kissed Me," ou "He's Sure the Boy I Love". (lamento de Vinyl: como é que alguém permitiu que os Twisted Sister fizessem uma cover do Then He Kissed Me???)
Foi Spector também o responsável pelas extraordinárias “Ronettes”, muito bem lembradas, com “Be My Baby” na banda sonora de “Dirty Dancing”. É grande a lista de incontornáveis momentos da história da música contemporânea da responsabilidade de Phil Spector. Aliás, dela constam, entre outros e para além dos já referidos, os “Righteous Brothers” autores de uma das mais notáveis canções pop de sempre: “Unchained Melody”.
Hoje em dia, Spector luta contra uma acusação de assassínio de uma actriz que, alegadamente, não se dispôs a ser promovida e subir na carreira na “horizontal”. Vá-se lá entender o que se passa na cabeça destes génios, que tudo constroem e tudo perdem pelo deslumbre do poder… O seu aspecto na fotografia, no julgamento, diz tudo quanto ao seu actual equilíbrio mental.

Shine - Flight of the Bumblebee

Esta é uma das mais fascinantes e arrasadoras cenas de cinema de que me lembro. O filme é "Shine", de 1996, e valeu um oscar a Geoffrey Rush. A música é o "Voo do Moscardo", de Rimsky-Korsakov. Notável.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Operação ao ídolo para implante de superstar.


Agora que estamos perante mais uma reciclagem deste novo formato televisivo do “venha-cá-fazer-figura-de-urso-e-pode-ser-que-se-safe” que é o “Família Superstar”, e na iminência do início de uma nova “Operação Triunfo”, acho que não seria despiciendo deixar por aqui uns bitaites acerca da relação música/televisão nesta sua faceta de amadorismo (dos concorrentes, claro…).

Com as editoras cada vez mais fechadas, e muitas delas cada vez mais perto de fechar, este tipo de programas acaba por ser a única porta de entrada no mundo da música (e da representação, que são realidades que, no nosso burgo, cada vez mais se confundem, no que me apraz chamar o crescente fenómeno da floribellomoranguização).
Mas uma porta enganadora.
Até ver, ainda nenhum dos produtos dos formatos em apreço triunfou e se tornou um verdadeiro ídolo. Os sucessivos ídolos, Operações Triunfo e afins passaram a ser um reservatório de cantores para as sucessivas galas comemorativas de não-sei-o-quê e do natal dos hospitais, e ainda dos programas das manhãs, tardes e madrugadas das televisões (o que abarca toda a programação excepto telejornais, telenovelas e os próprios concursos).
Enquanto espectador, gosto de ver. Gosto de ver pessoas com star quality (acho que foram eles que inventaram este adjectivo...), com boas vozes, com boas escolhas de canções. Gosto de ver, com a mesma curiosidade mórbida com que o típico tuga pára para ver se há mortos nos acidentes de automóvel, as figuras caricatas que as produções lá põem e acicatam. Fico contente por, de vez em quando, aparecerem alguns jurados que sabem alguma coisa de música, como o Tozé Brito ou o Ramon Galarza.
Por mim, vou vendo...

Play me again and I'll kill ya!

Bruce Willis
"The Return of Bruno"
Razor & Tie - 1987

Sim, é mesmo ele, o durão do "Touch me again and I'll kill ya!". Vá-se lá entender porquê, e ele resolveu gravar um disco (um não, dois!, porque repetiu a façanha em 1989). Já tive o desprazer de ouvir os dois discos do Bruce Willis, na altura em que foi editado o segundo, e nunca mais me esqueci. A música é exactamente o que se espera, um som muito norte-americano, a puxar para uns blues e standards com instrumentação à 80's, muito sintetizador e bateria de plástico, e a voz é também a que se espera, sem grande jeitinho para a coisa...
Estes sim, são discos perdidos. Mas perdidos para não serem mais encontrados!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Back for good


"Back for good" é o título de uma canção dos Take That, que é provavelmente a melhor canção alguma vez feita por uma boys band. Bom, para dizer a verdade, é a única canção decente alguma vez feita por uma boys band. Achei que era pertinente lembrá-la agora que estou de volta. Estou de volta porque, conforme cantava o Rui Veloso no "Mingos & os Samurais", "O prometido é devido."

Terminado o meu periodo sabático, e para começar a temporada em grande, vou aqui deixar a primeira de duas grandes surpresas que só o mercado discográfico alemão nos podia dar. Não, não estou a falar de Scorpions ou Modern Talking. Estou a falar das coisas que compram as pessoas que vivem num país onde se fazem bandas como os Scorpions ou os Modern Talking. Cá vai o primeiro exemplo de um best-seller, que me vou abster de descrever ou adjectivar, por manifestamente desnecessário face à qualidade do protagonista:






David Hasselhoff

Night Rocker