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quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Savina Yannatou



Por mais que me concentre e queime neurónios, não me consigo lembrar de nenhum país, à excepção da Alemanha, que tenha um espólio tão vasto de má música como a Grécia. Basta lembrar que foi de helénicas terras que se fez ao mundo Vangelis ou, ainda pior, Yanni, o Jean Michel Jarre lá da terra. A falta de qualquer aptidão dos gregos para a música é absolutamente contrastante com a sua posição geográfica, basta pensar na Turquia e médio oriente, para mais censurar, e lamentar, a sua inépcia.

Um oásis, e a prova viva de que a excepção confirma a regra, é Savina Yannatou, de quem aqui já falei a propósito do belíssimo disco "Sumiglia", de 2005, editado pela prestigiadíssima ECM, de Manfred Eicher.

Ciente do marasmo musical onde se encontrava, e, bem assim, do enquadramento geográfico de que acima falei, Savina Yannatou criou uma banda, a que chamou "Primavera en Salonico", e dedicou-se a estudar a música tradicional europeia, particularmente da bacia do mediterrâneo, e a sobre ela trabalhar. A sua voz é lindíssima, os arranjos extraordinários e muito meritória é a repescagem de instrumentos e melodias há muito perdidas. Não deixou de considerar a música barroca e renascentista, corrente que teve parte importante na sua formação musical, a música antiga grega e a inevitável influência do médio oriente. A sua música é - numa frase a armar ao intelectual - uma fusão de instalada cultura na cultura que se instala.

Não consigo resistir a terminar com a imagem de marca do crítico Thom Jurek... Highly recommended!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Sainkho Namtchylak


Uma das grandes vantagens de ter amigos músicos é ter acesso a genialidades escondidas que só o métier é que conhece. Conhece porque os estuda, os usa para aperfeiçoamento da sua técnica, para inspiração, ou até para motivação, e os vai buscar a uma espécie de "mercado paralelo" da música (v.g. "A Few Useful Tips About Living Underground", James Taylor Quartet, Acid Jazz - 1996, ou como sacar e melhor jazz de uma guitarra eléctrica, a merecer um post próprio que aqui fica prometido para breve).

A fabulosa cantora com impronunciável nome, Sainkho Namtchylak, nascida em Tuva, foi-me dada a conhecer por um dos percussionistas da Orquestra Nacional do Porto, já em 2003, quando me ofereceu uma cópia do disco "Time Out", de 2001. (Obrigado E.B.M., um abraço!).


O mais interessante foi ele ter tido a amabilidade de me dar uma prévia explicação para o que eu ia ouvir, explicação que - como se não chegasse o facto de a música ser absolutamente arrebatadora - tornou tudo ainda mais interessante.


A música interpretada por Namtchylak é uma música religiosa, originária de Tuva, antiga república soviética que faz fronteira com a Mongólia, e caracteriza-se por nela se encontrar um enorme espectro de vocalizações guturais, revelando aquilo a que se referem os estudiosos anglo saxónicos como "overtone singing", nota que acaba por ser a faceta mais visível, pela invulgaridade, do canto Tuva (a designação dada à música confunde-se com o nome da terra de onde é ela originária).


Sucede que o canto tuva é, muito estritamente, reservado aos homens, sendo absolutamente inconcebível, ofensivo até, para os seguidores da religião tuva, que mulher alguma interprete tais ritos.


De tal modo assim era que Namtchylak, não obstante se tenha dedicado ao estudo do canto tuva a nível universitário, numa fase inicial em Tuva, tendo depois concluído a licenciatura em Moscovo, nunca tenha visto o seu título reconhecido.

O fundamentalismo tuva, e a má relação deste com Namtchylak e a sua música, atingiu o auge em 1997, quando a cantora, então radicada em Vienna, visitou a sua terra natal e foi vítima de uma espera e subsequente agressão em grupo, sempre motivada pelo facto de se tratar de uma mulher a interpretar canções religiosas tuva, que a deixou meses em coma, às portas da morte.


Namtchylak recuperou, voltou a cantar e - numa atitude provocatória - inflectiu o seu canto num caminho de fusão, muito ao estilo do que preconiza Peter Gabriel com a sua editora "Real World", misturando o tuva com tendências electro e avant-garde, que, infelizmente, ainda não encontrei pelas lojas de discos.


A descobrir.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Arte


Andy Warhol,
para "The Velvet Underground & Nico"
1967