"Bridge Over Troubled Water" é uma das mais bonitas canções escritas até hoje, e por larga margem, o mais alto momento de inspiração de Paul Simon e Art Garfunkel. A interpretação no celebérrimo concerto no Central Park de Nova Iorque, então, é sublime.
Isto em consideração, há dois ou três dias, tinha a televisão sintonizada na SIC, sem que a estivesse contudo a ver. Dava a "Família Superstar" e anunciam que a concorrente vai cantar o "Bridge Over Troubled Water". Parei para ouvir. O que se seguiu roçou o inaudível. Uma voz levada até aos limites, melhor, para além dos limites, e uma postura em palco que fundia o pior de Céline Dion, Whitney Houston e quejandas, num espampanante esganiçado que a canção não merece. Uma interpretação a marimbar por completo na enorme beleza da canção, preocupada apenas, qual miss a desfilar na passerelle, em pavonear a voz que, ainda por cima, não é bonita.
O "Bridge Over Troubled Water" não é uma música da Shania Twain, bolas!
Incomoda-me muito a imberbe confusão entre amplitude vocal, e o exibicionismo gratuito da mesma (v.g. "I Will Always Love You", de Whitney Houston) e estética. Há por aí grandes vozes a fazer música detestável e há, por exemplo, o Tom Waits ou o Tony Bennett.
Desagradado que chegasse, fiquei expectante para ouvir o júri. Foi cada tiro, cada melro, cada cavadela, cada minhoca. Desfizeram-se em elogios. A Clara de Sousa percebe tanto de música como eu de pesca à linha, e deve ter comprado o disco de Natal dos Il Divo. Compreende-se. Agora o Tozé Brito e os Anjos? O primeiro é o patrão da Universal e tem, à vontade, quarenta anos de música. Os segundos, trabalham no segmento em que trabalham mas são músicos profissionais. Ou foi por consideração à sua colega Romana, ou não se compreende. Enfim, deve ser o espírito natalício...
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